Sindicato dos Delegados de SP repudia desfile da Vai-Vai e pede retratação pública; Escola alega que apresentou fatos históricos

Foto: Reprodução

O Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo (Sindpesp) emitiu uma nota expressando repúdio ao desfile da escola de samba Vai-Vai durante a segunda noite do carnaval paulistano, no último sábado (10). O Sindpesp alega que a Vai-Vai demonizou a polícia ao representar agentes com chifres e outros elementos no Anhembi, Zona Norte da capital paulista.

O enredo da Vai-Vai para o carnaval de 2024 foi dedicado ao hip hop de São Paulo. Durante o desfile, a escola contou com a participação de Mano Brown e KL Jay, do grupo Racionais MC’s.

A crítica do Sindpesp foi direcionada especialmente à ala “Sobrevivendo no Inferno”, na qual agentes com escudos escritos “Choque” foram retratados com chifres e asas vermelhas. “Ao adotar tal enredo, a escola de samba, em nome do que chama de ‘arte’ e de liberdade de expressão, afronta as forças de segurança pública”, declarou o sindicato em sua nota.

O Sindpesp lamentou que o carnaval tenha sido utilizado para transmitir uma mensagem que, segundo eles, denigre a imagem dos agentes da lei e promove uma total inversão de valores. O sindicato também solicitou que a Vai-Vai reconheça o exagero e faça uma retratação pública.

Por outro lado, a Vai-Vai afirmou que não teve a intenção de promover qualquer ataque ou provocação durante seu desfile. A escola explicou que fez uma apresentação baseada em recortes históricos, com a ala em questão prestando uma homenagem ao álbum “Sobrevivendo no Inferno”, lançado pelos Racionais MC’s na década de 1990.

A escola de samba destacou que, naquele contexto histórico, a segurança pública em São Paulo era uma questão crucial, com altos índices de mortalidade entre a população preta e periférica. Além disso, os precursores do movimento hip hop no Brasil eram marginalizados e tratados com hostilidade pelas autoridades da época.

Borba Gato

O desfile da Vai-Vai também incluiu uma réplica pichada da estátua do bandeirante Borba Gato, que já foi alvo de manifestações. Embora tenha sido especulado nas redes sociais que a réplica seria queimada durante o desfile, a escola optou apenas por simular fogo e fumaça nos pés e pernas do bandeirante.

A estátua de Borba Gato, localizada em Santo Amaro, Zona Sul da cidade, foi alvo de um incêndio em 2021. Paulo Galo, um dos acusados pelo ataque, confessou à Polícia Civil que organizou a ação como forma de abrir um debate público sobre a existência da estátua, cujo papel na história é controverso devido ao seu envolvimento na escravização de negros e indígenas.

Os debates em torno de monumentos históricos como a estátua de Borba Gato têm gerado projetos de lei pedindo sua proibição ou remoção em São Paulo.

A Vai-Vai divulgou uma nota explicativa, reiterando que seu desfile teve o objetivo de homenagear o hip hop paulistano e destacar questões sociais relevantes para a cidade.

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