‘Estamos devolvendo a infância às crianças’, diz diretora de escola com aulas de educação emocional

‘Estamos devolvendo a infância às crianças’, diz diretora de escola com aulas de educação emocional

Todas as 1.400 escolas estaduais de anos iniciais do Ensino Fundamental  da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo (Seduc-SP) receberam, neste início de ano letivo, materiais didáticos, jogos de tabuleiro e pelúcias que ficam sob responsabilidade das crianças e compõem as ações pedagógicas para o desenvolvimento de educação emocional e habilidades socioemocionais nas aulas do Projeto de Convivência, componente curricular das turmas de 1º ao 5º ano. O investimento da Educação na compra e distribuição de materiais foi de R$ 28 milhões.

A diretora da Escola Estadual Alfredo Paulino, professora Rosângela de Lima Yarshell, uma das unidades de anos iniciais da Secretaria localizada na zona oeste, afirma que “com este projeto, estamos devolvendo a infância às crianças”. Entre as atividades previstas na disciplina, as crianças precisam levar para suas casas as pelúcias do projeto, que devem acompanhar as lições de casa e serem cuidadas pelas crianças e suas famílias. 

“Os novos materiais adquiridos pela Secretaria da Educação e incluídos nas aulas de Projeto de Convivência vêm para complementar o que já trabalhávamos na escola e nos ajudam a devolver às crianças algo que é inerente à infância, a brincadeira junto com o aprendizado, principalmente em um momento de desafio das famílias de reduzir o acesso às telas por elas”, comenta Rosângela.

Toda pelúcia é acompanhada com um caderno de atividades definidas pelas professoras. “Por aqui, depois que uma mãe fez uma roupinha de crochê e colocou no desenho do caderno, as outras famílias começaram a participar ainda mais ativamente das tarefas propostas. Percebemos uma retomada da parceria entre pais e filhos na hora da lição de casa”, complementa a diretora.

Márcia Medeiros Sousa, mãe da aluna Catharina de Sousa Saturnino, diz que a filha é apaixonada pela pelúcia Fernanda e, quando ela foi para a casa delas, a filha levou a pelúcia até ao balé. “Ela percebeu que uma parte da pelúcia estava se soltando, pediu ao avô que a costurasse e ainda aprendeu um ponto de costura invisível. Temos uma memória incrível desse momento”, conta a mãe da estudante.

Toda pelúcia é acompanhada com um caderno de atividades definidas pelas professoras. Foto: Divulgação/Governo de SP

Uma separação e um novo amigo em casa

Ao longo de uma semana, o estudante Gabriel Santiago Puga, do 2º ano da Escola Estadual Doutor Augusto de Macedo Costa — localizada na zona norte da capital — teve a oportunidade de aproveitar a companhia da pelúcia Geraldo em casa. A visita foi acompanhada de uma carta da professora Bheatriz Ramalho dos Santos sugerindo algumas atividades para a família fazer em conjunto, entre elas, a leitura. 

“O Gabriel adora ler. Como educadora, incentivo esse hábito desde cedo. Por isso, ao receber o Geraldo, tivemos a ideia de ler ‘Casa da mamãe e casa do papai’, de Elisa Gatti, que tem ajudado o Gabriel a compreender o período de separação entre mim e o pai dele. A ideia é que ele continue se sentindo amado e acolhido, mesmo nesse momento desafiador”, explicou a mãe do Gabriel, Yara Aparecida Santiago Garcia.

Novos materiais nas escolas estaduais

Nos primeiros meses de 2025, a Educação de SP concluiu a entrega de 900 mil materiais destinados ao Projeto de Convivência para 544 mil crianças do Ensino Fundamental, em um investimento de R$ 28 milhões na aquisição e distribuição dos materiais.

Entre os ítens que serão utilizados por mais de meio milhão de crianças e adultos, há materiais didáticos, jogos de tabuleiro e pelúcias para o desenvolvimento de atividades nas salas de aula e em casa. Entre os livros, há títulos dedicados aos alunos, aos professores e às famílias, sejam impressos ou digitais, amparados na Base Nacional Comum Curricular (BNCC).

De acordo com a líder da equipe de produção do material didático dos anos iniciais na Secretaria da Educação, professora Andréa Fernandes de Freitas, “trabalhar a inteligência emocional desde cedo é fundamental para o desenvolvimento integral dos estudantes nesta fase, o que potencializa, por sua vez, o processo de aprendizagem”, descreve.  

Aprendendo com as próprias emoções

Nas aulas dos 1º, 2º e 3º anos, voltadas para a inteligência emocional, as atividades trabalham o autoconhecimento, empatia e relacionamento interpessoal. Nas aulas, os professores incentivam os alunos a mapear as próprias emoções e impulsos, de modo a compreendê-los e, assim, aprimorar o processo de autorregulação emocional. Ao longo do ano, cada estudante pode passar uma semana com uma das pelúcias, Tomás, Geraldo ou Fernanda, que conversam com a proposta das aulas de cada ano, respectivamente.  

Para a mãe do Gabriel, uma das melhores partes da experiência proposta pelo projeto de convivência é o cuidado que a criança desenvolve, seja com a pelúcia ou consigo mesmo. “Para além de aceitar as próprias emoções, ela aprende também como lidar com tudo isso. São ensinamentos que levamos para toda a vida”, pontua.

Já nos 4º e 5º anos, focadas nas “habilidades socioemocionais”, as aulas visam aprofundar o conhecimento das emoções e fazer a transição do estudante para as habilidades que serão exigidas dele nos anos seguintes do Ensino Fundamental (6º ao 9º ano), que são: colaboração, pensamento crítico, criatividade, comunicação e proatividade. Nessa etapa final, dois jogos de tabuleiro substituem as pelúcias como condutores das discussões presentes no material didático. 

“Como o Gabriel é uma criança com deficiência e um transtorno do neurodesenvolvimento, o projeto vem contribuindo muito com o seu desenvolvimento”, destaca Yara ao notar o aprofundamento e delicadeza dos assuntos abordados no material didático oferecido pela Educação de SP, a exemplo de bullying, luto, compromissos, os limites nas brincadeiras, entre outros assuntos.

Implantado pela rede como componente curricular desde 2014 e em forma de projeto piloto, em 2025, além de estar em todas as escolas de anos iniciais há três anos, a atual gestão duplicou a quantidade de aulas semanais destinadas ao desenvolvimento de educação emocional e habilidades socioemocionais, passando de uma para duas aulas semanais. 

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