Recentemente, uma decisão judicial determinou a desocupação dos prédios do CDHU em Marília, deixando algumas famílias sem um destino certo. Em meio a essa crise, conversamos com um líder comunitário que preferiu não se identificar, mas ofereceu uma visão crítica e preocupado sobre a situação enfrentada pelos antigos moradores do conjunto habitacional.
“Foi a desocupação mais pacifica que já vi na minha vida”, relatou o líder. Segundo ele, os moradores não lutaram por suas moradias, atraídos pela promessa de auxílio emergencial oferecido pela Prefeitura. Contudo, ele levanta uma questão importante: muitos dos proprietários não possuem escritura de imóveis. “Como vai ficar a vida dessas pessoas quando percebem que não têm mais direito ao seu lar?”, questionou.
A falta de união entre os moradores é outro ponto destacado pelo líder comunitário, que acredita que, se houvesse uma mobilização maior, a situação poderia ter sido diferente. “Antigamente, daqui até lá embaixo, tinha criança brincando, e hoje vemos esse abandono. Alguns dizem que vão demolir para fazer uma praça, outros falam em reformar os prédios. Mas se vão reformar, por que desocuparam? Por que as famílias viveram que sair?”, indaga ele.
O principal motivo para a desocupação, segundo o líder, seriam três blocos condenados na parte inferior do conjunto. “Por causa desses três blocos, todos pagaram. Eu sempre disse que era preciso ser fechado e ter um síndico. Muitos mantinham esses blocos todo ferrado para manter uma rota de fuga da PM, e isso não era culpa dos moradores”, esclarece ele.
O líder comunitário também expressou a sua vontade de que a verdade sobre a situação seja revelada à população. “Quero que vocês venham filmar e mostrar a realidade dos blocos aos moradores. Muitos acabam culpando os próprios vizinhos pela falta de manutenção, mas a verdade é que a CDHU sempre foi abandonada pelo poder público, tanto estadual quanto regional.”
A principal preocupação agora é sobre o futuro das famílias, especialmente aquelas que não possuem documentos de imóveis. “O auxílio um dia vai acabar. Essas pessoas terão seus direitos assistidos? Como elas vão se reestabelecer?”, finaliza ele, levantando uma questão crucial sobre o impacto no longo prazo da desocupação.
Enquanto isso, as famílias continuam vivendo em incerteza, aguardando respostas concretas sobre seus destinos e sobre o futuro do conjunto habitacional que, por muitos anos, foi o lar de tantas pessoas em Marília.
Por fim, leia mais O Mariliense