Não pense que futebol e política não podem ser ditos na mesma frase. Mas, não se engane, eles não são a mesma coisa, apesar do que vou trazer a seguir.
Na faculdade tive um professor de sociologia que dizia que desde quando nascemos, estamos fazendo política. Porém, em tempos de uma polarização devastadora, ambos temas se tornaram ainda mais delicados. Contudo, é necessário cairmos na real de que o futebol é um ambiente político. Seja na discussão do boteco, nas decisões de um clube, ou até mesmo na avaliação de um jogador pela opinião pública.
Na realidade do futebol jogado em divisões menores, por exemplo, é comum vermos o cenário se transformando em verdadeiros palanques para prefeitos e vereadores. Próximo das eleições municipais, então, isso fica cada vez mais evidente. Mas até que ponto este envolvimento é saudável para o esporte e para a política?
Inúmeros são os exemplos de clubes que se ergueram e afundaram na mesma velocidade que determinados políticos cresciam e caíam no conceito local. Venho de uma realidade que exemplifica isso. Presidente Prudente viu o dinheiro público investido no futebol profissional com a vinda do Grêmio Barueri para a cidade. Mas teve que vê-lo sair daqui na mesma velocidade que as coisas se acertaram politicamente na cidade da Grande São Paulo.
Depois disso, só ‘notícias’ de investimentos que não trouxeram retorno em um novo clube. Fui prova de tudo que cito, ao cobrir pela Rádio Comercial, o derradeiro ano do Grêmio Prudente ligado ao poder público. Teve diretor sendo xenofóbico, alojamento superlotado, alimentação inadequada e jogadores presos na cidade sem poder voltar pra casa. É isso. Uma hora a torneira do orçamento municipal é fechada e os prejudicados são os torcedores e munícipes.
Mas não para por aí. Os grandes craques também sofrem com a politização extrema. Vinícius Júnior, que luta por igualdade racial pelos quatro cantos do mundo, vira e mexe é chamado de “lacrador” por aí. Basta um jogo ruim, para misturarem política e futebol do jeito errado. Já Neymar, explicitamente apoiador de Jair Bolsonaro, era atacado enquanto não se posicionava, mas ao fazer isso, foi crucificado do mesmo jeito.
No rol dos times mais tradicionais, tudo fica mais evidente. O Corinthians passa por um momento conturbado, resultado de uma crise política dentro do clube que parece ter surgido lá em 1910, também. É comum ouvirmos sobre oposição, situação, conchavo, corrupção. E isso soa muito familiar ao ambiente político brasileiro.
Esses são apenas alguns exemplos de quando política e futebol funcionam como partes da mesma engrenagem. E a certeza que fica é clara: para entender o futebol, precisamos entender de política. Seja no convívio com quem pensa diferente, no dia a dia de um clube, no apoio ou não do poder público nos clubes, a política está lá.
É, e futebol e política se misturam, sim. Mas em hipótese alguma devem ser a mesma coisa.
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