A Avenida Paulista se transformou neste domingo, 6 de abril, em palco de uma manifestação que reuniu milhares de pessoas em defesa da anistia aos condenados pelos atos de 8 de janeiro de 2023. Com batons nas mãos e camisas verde-amarelas no peito, manifestantes lotaram a principal avenida de São Paulo em um ato batizado por muitos como “A Revolta dos Batons” — símbolo que ganhou força após a prisão da cabeleireira Débora dos Santos, condenada a 14 anos por escrever “perdeu, mané” na estátua em frente ao Supremo Tribunal Federal (STF).
Desde as primeiras horas da manhã, a Paulista já mostrava sinais do movimento que ganharia corpo à tarde. Famílias, idosos, jovens e muitos vestidos com as cores da bandeira brasileira ergueram cartazes, entoaram cânticos e levantaram os batons como sinal de protesto e solidariedade.
No palco principal, montado em um trio elétrico, líderes políticos e religiosos discursaram pedindo o avanço do projeto de anistia no Congresso. Entre eles, estavam nomes como Jair Bolsonaro, Silas Malafaia, Michelle Bolsonaro, Nikolas Ferreira, Sóstenes Cavalcante e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas.
Batons como resistência
O batom se tornou o principal símbolo da manifestação. Mulheres e homens exibiram o item como forma de repúdio à decisão do ministro Alexandre de Moraes, que classificou a substância como “inflamável” ao justificar a pena de Débora. Muitos escreveram frases como “Anistia Já” com batom em camisetas, cartazes e até no próprio corpo. Uma réplica gigante do item de maquiagem também foi exibida no protesto.
Michelle Bolsonaro, ao se dirigir ao público feminino, incentivou todas a erguerem seus batons e ironizou: “Isso não é uma arma letal”. A ex-primeira-dama ainda fez um apelo emocionado ao ministro Luiz Fux, citando o caso de Adalgiza Maria Dourado, idosa de 65 anos condenada a 14 anos de prisão: “Fux, não deixe a Adalgiza morrer”.
Políticos pedem ação do Congresso
O pastor Silas Malafaia, organizador do ato, afirmou que o país vive “a farsa do pseudo golpe”, e criticou duramente o Supremo Tribunal Federal. “Quero que o Moraes me mostre essa tal ‘minuta do golpe’. Isso foi invenção da mídia amiga do ministro”, declarou.
O deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) reforçou que os condenados não estavam armados e que a decisão da Corte não representa a vontade do povo. “Eles têm a toga, mas nós temos o povo”, afirmou. Sóstenes Cavalcante, líder do PL na Câmara, também subiu o tom: “Ninguém vai nos parar até aprovarmos a anistia”.
Tarcísio e Bolsonaro pedem pacificação
O governador Tarcísio de Freitas defendeu não apenas a anistia, mas também a reconstrução da harmonia entre os Poderes. “Precisamos pacificar o Brasil”, declarou. Ele destacou que ninguém foi pago para estar ali e que o ato foi espontâneo e democrático.
Encerrando o evento, o ex-presidente Jair Bolsonaro disse que continuará lutando pela reversão de sua inelegibilidade e pela anistia dos presos. “Se acham que vou fugir, estão enganados. Irei sempre defender a minha pátria”, afirmou.