Rolo de massagem reduz esforço e traz ganhos de mobilidade em casos de dor lombar crônica

Rolo de massagem reduz esforço e traz ganhos de mobilidade em casos de dor lombar crônica

Pesquisadores da Escola de Educação Física e Esporte (EEFE) da USP investigaram os efeitos do uso do rolo de massagem como opção para tratar a dor lombar crônica, doença que afeta cerca de 619 milhões de pessoas em todo o mundo. Após a aplicação da técnica, realizada em voluntários no Laboratório de Biomecânica da EEFE, o estudo verificou a redução de ativação de um músculo estabilizador da coluna quando o corpo senta e levanta, diminuindo o esforço de todo o sistema muscular. Simultaneamente, houve ganhos na mobilidade e na velocidade de rotação do tronco, podendo contornar a fadiga precoce.

Os resultados do trabalho são apresentados em tese de doutorado defendida na EEFE. Os pesquisadores ressaltam a sensação de alívio proporcionada pela técnica, individual e psicológica, e que seu uso ainda precisa de mais investigação como tratamento. A dor lombar crônica é uma condição musculoesquelética que dificulta a movimentação e afeta seriamente a qualidade de vida, podendo atingir qualquer pessoa. Causada principalmente por má postura durante atividades cotidianas, a condição afeta, aproximadamente, 619 milhões de pessoas, de acordo com estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS). Até 2050, esse número pode ser ainda mais preocupante, podendo aumentar para 843 milhões.

A doença pode causar profundas alterações biomecânicas, musculares e posturais. As pessoas afetadas podem sofrer com a “esquiva pelo medo” (fear-avoidance), um fator psicológico que os leva a evitar atividades físicas ou cotidianas. Embora pareça uma forma de autoproteção, na verdade, traz uma série de consequências graves que intensificam a dor. A condição já afeta seriamente a musculatura da região lombar, mas a “esquiva pelo medo” piora a ativação dos músculos principais na estabilização da coluna lombar e no controle postural. Quando os músculos estabilizadores se tornam ineficientes, outros tecidos e estruturas – que não têm essa função – são sobrecarregados na tentativa de compensar a falta de suporte.

Desse modo, a dor lombar crônica prejudica severamente a capacidade funcional, levando à atrofia muscular, limitação do movimento, inflamações, fadiga precoce, perda da estabilidade e outros problemas. Além disso, também impacta o lado psicológico e social, podendo causar ansiedade, estresse, depressão, isolamento, incapacidade laboral e outras sérias consequências na qualidade de vida.

Dentre diversos tratamentos para a doença, o rolo de massagem é uma das alternativas não farmacológicas consideradas para aliviar tensões e dores musculares. A técnica consiste em uma espécie de massagem lenta e contínua, feita com rolos de espuma, bastões, bolinhas de tênis e até com as mãos. Se for executada corretamente e sob orientação profissional, pode favorecer a recuperação funcional dos músculos, a mobilidade e o bem-estar.

Exemplo de sessão de exercícios feita com o rolo de massagem; técnica pode favorecer a movimentação do corpo, sendo menos dolorosa para as pessoas que realizam a atividade. Foto: Dárcio Esteves Ruiz Filho/EEFE

Testes clínicos

Na pesquisa, desenvolvida por Dárcio Esteves Ruiz Filho e orientada pelo professor Júlio Cerca Serrão, 20 voluntários com dor lombar crônica realizaram testes no Laboratório de Biomecânica da EEFE para verificar se, após a utilização de um rolo de massagem, o comportamento muscular seria alterado em movimentos que simulam atividades da vida diária. No primeiro dia, os participantes realizaram a caracterização de seus parâmetros biomecânicos, ou seja, uma coleta de dados da ativação natural dos músculos e outras estruturas. Depois passaram por dois protocolos em dias distintos: um placebo e outro experimental.

Na sessão experimental, os participantes deitaram sobre o rolo e realizaram sozinhos movimentos de “vai e vem” por dois minutos, massageando a coluna lombar e torácica. Já na sessão placebo, os participantes deitaram de barriga para baixo e o avaliador aplicou o rolo, mas sem exercer nenhuma força de compressão nas costas da pessoa. Em seguida, os voluntários executaram tarefas que avaliaram a ativação dos músculos abdominais e lombares e a percepção da dor, verificando a eficiência da aplicação do método.

As atividades realizadas foram o teste de resistência muscular; exercício stiff; pegar algo do chão (com e sem flexão de joelhos); flexão e relaxamento do tronco; sentar e levantar; e rotação de tronco sentado. Após os testes, uma nova coleta de dados foi realizada.

Os voluntários também responderam a um questionário nos dois dias, antes e depois da aplicação do rolo ou do placebo. O objetivo era registrar o nível de dor (em uma escala de 0 a 10) e verificar a influência da técnica nesse sentido. Os resultados da pesquisa mostraram que uma única aplicação da liberação miofascial não diminuiu, de forma aguda, a percepção de dor dos participantes. Apesar de serem constatadas alterações discretas, a técnica reduziu a ativação muscular na tarefa de sentar e levantar, tornando o movimento menos custoso.

O pesquisador ressalta que “a dor é muito subjetiva e torna difícil a comparação direta”, sugerindo que níveis elevados de medo e evitação da dor podem ter influenciado os resultados do estudo.

Outro benefício encontrado foi uma melhora significativa na velocidade do movimento do tronco. Esse é um ponto positivo, já que pessoas com dor lombar crônica tendem a entrar em fadiga mais rápido, ter movimentos reduzidos e menor velocidade angular. A conclusão sobre os achados é que a técnica pode reduzir a ativação excessiva dos estabilizadores da coluna, potencialmente contribuindo para uma movimentação mais eficiente e menos custosa para os indivíduos com dor lombar crônica. Trata-se de um recurso que pode auxiliar no tratamento da condição e que deve ser mais investigado em pesquisas futuras.

A pesquisa resultou na tese Influência da liberação miofascial na dor e na ativação muscular durante a execução de tarefas funcionais por indivíduos com dor lombar crônica, disponível integralmente no Banco de Teses da USP. O texto pode ser consultado neste link.

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