Os ataques aéreos israelenses em resposta às ofensivas surpresa dos militantes do Hamas contra Israel no último final de semana atingiram prédios residenciais e escolas em toda a Faixa de Gaza, conforme alertou o chefe de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas, Volker Turk, nesta terça-feira (10), destacando a ilegalidade dos “cercos” sob a ótica do direito internacional.
Volker Turk também condenou veementemente “os horríveis assassinatos em massa cometidos por membros de grupos armados palestinos” e ressaltou que o sequestro de reféns pelos militantes é uma ação proibida pelo direito internacional.
Os ataques aéreos de Israel, os mais intensos em 75 anos de conflito com os palestinos, também atingiram as instalações da agência de assistência e trabalho da ONU, a UNRWA (agência de refugiados palestinos da ONU), de acordo com um comunicado do escritório de direitos da ONU. Este comunicado acrescenta que entre os mortos e feridos havia civis.
Após o ataque do Hamas, que deixou as ruas de Israel repletas de corpos, o país prometeu uma “vingança poderosa”. Segundo a mídia israelense, cerca de 900 pessoas perderam a vida nos ataques, sendo a maioria delas civis. Por outro lado, em Gaza, cerca de 700 habitantes perderam a vida nos ataques israelenses, segundo as autoridades locais, com distritos inteiros devastados.
As forças de defesa de Israel afirmaram nas redes sociais que suas aeronaves atingiram alvos militares, incluindo locais de armazenamento e produção de armas.
Volker Turk enfatizou que a “imposição de cercos por parte de Israel, colocando em risco a vida de civis e privando-os de bens essenciais para sua sobrevivência, é proibida pelo direito humanitário internacional”. Ele alertou para a possibilidade de agravamento da já terrível situação humanitária e de direitos humanos em Gaza, incluindo a capacidade de funcionamento das instalações médicas, especialmente diante do crescente número de feridos. Um cerco pode equivaler a uma “punição coletiva”.
Ravina Shamdasani, porta-voz de Direitos Humanos da ONU, explicou posteriormente em uma coletiva de imprensa em Genebra que tais ações podem ser consideradas um crime de guerra. As conclusões do escritório de direitos humanos da ONU foram baseadas em uma análise do material disponível, inclusive dos próprios monitores em campo, acrescentou ela.
Durante a mesma entrevista, um porta-voz do escritório humanitário da ONU informou que aproximadamente 187,5 mil pessoas fugiram de suas casas em Gaza, e alertou sobre a escassez de água e eletricidade na região.
O porta-voz da Organização Mundial da Saúde, Tarik Jašarević, afirmou que 13 ataques a instalações de saúde em Gaza foram confirmados pelo serviço de monitoramento desde o início das hostilidades, sem fornecer detalhes. Ele destacou que a organização estava trabalhando em um corredor humanitário para a Faixa de Gaza, mas os estoques de suprimentos médicos já haviam se esgotado.
Por fim, leia mais O Mariliense